Casamento às Cegas BR II

leticia cordis
3 min readJan 13, 2023

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Estabeleci como compromisso escrever resenha de tudo que assistir no ano de 2023 e aqui estou, dessa vez para falar de Casamento às Cegas 2 — Brasil.

É possível conversar sobre qualquer coisa nesse seriado e particularmente gostei muito da forma como eles editam a trama para se tornar interessante para quem assiste — assisti alguns episódios do Casamento às Cegas Japão e não tive a mesma sensação de aprumo na edição.

A proposta de conhecer a pessoa sem conhecer detalhes da aparencia física desta, é interessante e levanta problemas sociais óbvios como a gordofobia. É hilária a forma patética que um cara se comportou depois que viu que a mulher era gorda, o amor que dizia sentir, acabou!

Tem outra figura que gostei muito à vista do entretenimento: a médica que sente conexão com um dos caras — o mesmo que foi gordofóbico com a outra — mas sente que precisava se retirar da dinamica do programa imediatamente porque este, estava enlouquecendo ela. A garota sugere que o cara largue o programa junto com ela para que juntos possam construir sua história lá fora, ele não topa e ela enlouquece e começa a falar de amor de outras vida, de conexão espiritual, que ele estava desistindo dela nessa vida também assim como desistiu nas outras. Eu amei, pro meu entretenimento foi muito bom, porém não deixa de ser preocupante como ela experienciou a relação com aquele rapaz. Soube que ele, depois de rejeitar a outra garota por ser gorda, fora do programa correu para os braços dessa médica e estão noivos.

A história da Verônica estava clara para mim desde o inicio: aquele menino era pouco para ela e ela sofreria com a pequenês dele. Foi o que de fato aconteceu, fizeram um trato e ele ao inves de cumprir, rompe o trato e a constrange na frente de todos, a humilha. Ela disse sim porque foi o combinado, deveria ter dito que não se casaria. Ademais, um homem preto, que reividica a história de luta racial, constrangendo uma mulher preta, não é uma coisa que pode passar batido. Ou seja, além da questão da gordofobia, o debate racial também se fez presente no reality show.

Aparentemente o programa lidou de maneira adequada com o caso da rejeição por gordofobia, pois a garota teve espaço para expressar a si mesma, assim como algumas figuras também tiveram tempo de tela para abordar o ocorrido. Porém o problema é a estrutura do programa, dentro da estrutura da sociedade problemática. É evidente que problemas como esses poderiam ocorrer, e nunca seriam problemas leves e sim desse tipo, barra pesada, que mexem com a auto-estima e autovalor. Talvez se mitigasse a questão se aparencia física fosse sim passível de ser descrita para prevenir possíveis rejeições por questões de peso, por ex. e sim, isso não resolveria o problema do mundo, mas evitaria que alguém fosse constrangido por causa disso. Nesse sentido, sou contra a espetacularização da gordofobia e do racismo.

No apanhado geral, gostei muito de Casamento às Cegas, é um reality show que tem alguns episódios e só, não escraviza o espectador, não é como o Big Brother.

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